A UNICAMP em primeiro lugar

Pós-graduação na Unicamp

Mais bolsas? Sim, precisamos de mais bolsas

Há quem pense que há bolsistas demais no Brasil. Trágico engano – a capacidade de formação de pessoal na pós-graduação de nossas boas universidades, a UNICAMP entre elas, ainda não está sendo totalmente utilizada. Além disso nosso país tem uma enorme deficiência em pessoal qualificado.

Figura 1. Porcentagem da Força de Trabalho ativa em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em vários países.

A Figura 1 mostra a fraca posição do Brasil entre os países industrializados, ou de industrialização recente no que diz respeito à porcentagem da Força de Trabalho ativa em P&D. Além deste dado, destacamos que existe no Brasil uma enorme carência de pessoal pós-graduado para qualificar o corpo docente de nossas universidades – basta lembra que em 1994 apenas 5 das mais de 100 universidades brasileiras (públicas e privadas) tinham mais de 50% de seu corpo docente doutorado.

No Brasil poucas universidades tem a capacidade instalada em pesquisa e pós-graduação que a UNICAMP tem, e portanto é um bom e eficiente investimento conceder bolsas de estudo para nossa pós-graduação.

É essencial que a UNICAMP participe ativamente na defesa do sistema brasileiro de pós-graduação, opondo-se aos cortes intempestivos de bolsas, particularmente barrando a entrada de jovens bem qualificados no sistema. Estes cortes põem em perigo a própria sobrevivência da educação para a inovação no Brasil, justamente numa época em que a formação de pessoal em nível de excelência atingiu boas marcas no País além de ser essencial para que o país realize ganhos de competitividade para construir um futuro melhor.

Oportunidades para experiência didática

Devemos criar oportunidades para que os pós-graduandos ganhem experiência didática. Sabemos que um grande número dos pós-graduandos dirige-se a empregos em universidades, como professores, e é paradoxal que em sua formação a UNICAMP nunca tenha oferecido esta oportunidade em grande escala. A atuação em ensino é uma prática comum nas grandes universidades internacionais, através do sistema de Teaching Assistants (TA´s), e desta forma se enriquece bastante a formação dos pós-graduandos. Para estabelecermos um sistema análogo na UNICAMP é preciso principalmente organizar um serviço de apoio pedagógico aos estudantes envolvidos, que ofereça treinamento e acompanhamento. É essencial que um programa desta natureza não seja distorcido para se transformar num substitutivo para a carga didática docente, permanecendo fiel aos seus objetivos de melhor formação do pós-graduando.

Descentralização e agilização da execução dos recursos CAPES

A aplicação dos recursos da CAPES vem sendo dificultada por uma prática antiga que pretendemos mudar. A Pró-reitoria, que é a responsável formal pela aplicação destes recursos perante a CAPES, deverá delegar sua execução às unidades de ensino e pesquisa. A manutenção da Pró-reitoria neste processo reflete um resquício de centralização que já não faz sentido. Os recursos da pós-graduação são destinado pelas agências de fomento segundo indicadores acadêmicos de mérito de cada curso (número de alunos, publicações, fluxo, …). Assim, é estranho que os cursos sejam qualificados para merecer estes recursos, mas que não lhes seja reconhecida a responsabilidade e a capacidade de executá-los autonomamente. O Diretor, como responsável pelos cursos de pós-graduação da unidade, deverá receber delegação da Pró-reitoria e, através de planejamento acordado com a CPG, aplicar estes recursos. A demora nos processos será diminuída e a qualidade da aplicação dos recursos será muito maior.

Infra-estrutura, Biblioteca, Periódicos

Estimularemos os projetos voltados à melhoria da infra-estrutura de pesquisa. Em particular organizaremos um programa especial para a expansão dos títulos assinados pelo Sistema de Bibliotecas, especialmente tendo em vista que a UNICAMP vem estabelecendo vários novos cursos de pós-graduação que já alcançaram boa avaliação. A utilização eficiente dos recursos orçamentários permitirá a priorização dos objetivos acadêmicos mais intrínsecos aos objetivos de uma universidade.

Ensino Público e Valores Acadêmicos

A Unicamp pode ter um papel demonstrar que Ensino Público é excelente e que Serviço Público é coisa séria. Para isto precisamos ter uma reitoria guiada por valores acadêmicos, pelo respeito constante à inteligência e trabalhando dentro de uma ética acadêmica. Uma administração central que envolva e tenha o apoio da comunidade e na qual participem os docentes com ampla experiência acadêmica nacional e internacional, conhecedores de instituições de excelência em ensino superior e pesquisa. Só assim poderemos estabelecer na Unicamp um exemplo de serviço público eficiente e de excelência, uma instituição cujo nome faça o diploma de nossos estudantes ser o mais valioso. E só assim a Unicamp poderá liderar a defesa da Universidade Pública em nosso país.

Conheça o candidato

Carlos Henrique de Brito Cruz nasceu no Rio de Janeiro em 1956. Foi educado no Grupo Escolar do Aeroporto e no Colégio Dante Alighieri em São Paulo, no Instituto Tecnológico de Aeronáutica em S.J. dos Campos (Engenheiro de Eletrônica, Turma 78) e na Unicamp (Mestre em Ciências, 1980 e Doutor em Ciências, 1983). Foi fundador da primeira empresa de manufatura de lasers no Brasil, a Lasertec Lasers Industriais (1976) da qual se desligou em 1980 para dedicar-se exclusivamente à carreira acadêmica. Trabalhou na Universitá degli Studi (Roma, 1980-81) e nos AT&T Bell Laboratories (Holmdel, NJ, 1986-87). Docente na Unicamp desde 1982, orientou 9 Dissertações de Mestrado e 7 Teses de Doutorado (2 em coorientação). Publicou mais de 50 trabalhos em revistas arbitradas e seus trabalhos já foram citados mais de 1.500 vezes na literatura técnica internacional. Foi 2° Vice-Presidente da Adunicamp (1983-85) e membro de seu Conselho de Representantes. Participou como representante docente da Congregação do Instituto de Física e do Conselho Universitário da Unicamp (1987-91). Foi Diretor do Instituto de Física (1991-94) e membro do Comitê Assessor da área de Física e Astronomia do CNPq. É Pró-Reitor de Pesquisa da Unicamp, Presidente do Conselho Superior da Fapesp, Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Física e membro do International Advisory Committee da Optical Society of America. Membro do Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia (CONCITE) desde 1995, tem participado ativamente de vários debates sobre C&T e Ensino Superior neste e em outros foros estaduais e federais.