A UNICAMP em primeiro lugar

 

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Programa de Gestão: Seção 7

Organização Institucional

"Educação superior é atualmente a maior fonte única de novas idéias,
de habilidades avançadas, de difusão de cultura, da elevação e satisfação
de aspirações individuais, da expressão da discordância, da
criação de lideranças. Ela é mais do que nunca uma parte da sociedade e, por conseqüência, menos
divorciada desta. E provavelmente isto será mais verdadeiro ainda no futuro."
(Clark Kerr, 1994)

No planejamento institucional devemos recuperar o papel dos órgãos colegiados, freqüentemente assoberbados com decisões muito mais administrativas do que conceituais. Em especial o Conselho Universitário precisa funcionar de modo que os conselheiros sejam informados da maneira mais completa e objetiva, e a partir daí possam deliberar sobre o andamento da vida acadêmica na universidade. A administração em geral precisa ser mais eficiente, e para isto é essencial uma política moderna para a informatização da UNICAMP.

Administração eficiente

É preciso desonerar o tempo do docente das tarefas administrativas. Para que possamos realizar o potencial da UNICAMP é essencial tornar muito mais ágil a administração da universidade. Para isto é preciso adotar procedimentos descentralizados sempre que possível e viável economicamente. Além disso deve ser feito um esforço para a racionalização e ampla divulgação das normas e procedimentos. Por fim é preciso aproveitar os recursos propiciados pela informática, através do estabelecimento de uma política na qual os recursos computacionais trabalhem a favor da instituição.

Avaliação Institucional e Planejamento Estratégico

É preciso estabelecer um mecanismo de Avaliação Institucional e Planejamento Estratégico de cada órgão da universidade e da universidade como um todo. A UNICAMP já foi pioneira na avaliação institucional de suas unidades de ensino e pesquisa mas deixou de dar continuidade ao processo. Ao lado de recuperarmos a Avaliação Institucional, é preciso acoplá-la a um processo de Planejamento Estratégico, pelo qual as unidades e órgãos estabeleçam metas e procedimentos para construir seu futuro e o futuro da instituição. Além disso é preciso que o processo de avaliação abranja os demais órgãos da universidade, especialmente os centros e núcleos interdisciplinares, aqueles voltados aos serviços e os da administração central.

Em particular os 16 núcleos interdisciplinares, que têm sido objeto de avaliações bienais coordenadas pela Comissão de Atividades Interdisciplinares, deveriam ter estas avaliações sujeitas a padrões mais rigorosos e explícitos, tendo em vista a excepcionalidade de sua situação institucional.

Os serviços de apoio devem ser também avaliados rigorosamente e a partir daí deve-se estabelecer indicadores que permitam o acompanhamento de seu desempenho, possibilitando uma melhoria no atendimento à comunidade.

É também necessário que a UNICAMP como um todo planeje e avalie melhor suas atividades, criando assim as condições para priorizar seus investimentos. A Tabela VI mostra como é hoje a distribuição da dotação orçamentária anual, um resultado que vem de pouco planejamento, iniciativas isoladas e muita inércia.

    • Tabela VI. Dispêndio previsto para 1998 em setores da UNICAMP (Fonte: Proposta Orçamentária para 1998).

Natureza do órgão

Valor para 1998 (R$)

%

Reitoria

(Administração Central, Serviços à Comunidade, Centros e Núcleos Interdisciplinares, Outros Centros e Núcleos)

94.493.540 23,6%

Área de Saúde

(HC, CAISM, Hemocentro, Gastrocentro)

78.134.370 19,5%

Unidades de Ensino e Pesquisa

( 20 faculdades e institutos, dois colégios técnicos mais o Ceset)

207.094.906 51,6%

Centros de Pesquisa

1.618.979 0,4%

Centro de Lógica e Epistemologia (CLE)

329.729

 

CPQBA

1.289.250

 

Centros e Outras unidades de Serviços

14.162.623 3,5%

Centro de Tecnologia (CT)

1.967.550

 

Biblioteca Central (BC)

4.626.524

 

Centro de Computação (CCUEC)

5.655.996

 

Centro de Bioterismo (Cemib)

908.906

 

Centro de Comunicações (CCOM)

1.003.647

 

Dispêndio não rateável (PIS/PASEP)

5.599.379 1,4%

Área de Saúde

Pela sua dimensão e importância acadêmica e social cabe um destaque especial quanto à àrea de Saúde da UNICAMP. Composta pelo Hospital de Clínicas (HC), pelo Centro Integrado de Atendimento à Saúde da mulher (CAISM), pelo Hemocentro e pelo Gastrocentro, este setor responde por uma parcela predominante do atendimento público na região em torno de Campinas. Sob a liderança natural da FCM este setor é um importante formador de recursos humanos em medicina e enfermagem, bem como no desenvolvimento e aplicação de ciência e tecnologia na área de saúde. A Tabela VII compara alguns dados do HC da Unicamp com o HU da USP.

    • Tabela VII. Hospitais universitários no Estado de São Paulo.

 

Leitos

Internações

Atendimentos Ambulatoriais

Funcionários

Orçamento

(RTE, R$)

HC Unicamp

403 15.436 313.624 3.307 43.680.176

HU USP

308 8.978 76.342 1.759 45.306.314

A coluna Orçamento traz o orçamento total (pessoal mais custeio) advindo de Recursos do Tesouro do Estado (RTE).

HC Unicamp ­ http://www.hc.unicamp.br/producao/index.htm - Dados de 1997.

HU USP ­ Fonte: Anuário Estatístico da USP, 1997 ­ Dados de 1996.

O desastre das políticas de saúde no país afetam diretamente este complexo, estabelecendo uma demanda crescente sobre o setor de atendimento. É essencial que a reitoria da UNICAMP defenda a execução da política de saúde de atendimento hierarquizado com triagens e seleção de casos para preservar a capacidade do HC, como hospital de referência que é, de atender adequadamente naquilo que só ele pode fazer: atendimentos de alta complexidade, incorporando avanços tecnológicos da medicina aplicados por profissionais de qualificação excelente.

Particularmente deve a reitoria da UNICAMP preocupar-se em apoiar e preservar o convênio com o SUS, inclusive na defesa das liberações em dia e do pagamento de todos os serviços realizados. As administrações dos órgãos da área de saúde tem demonstrado importantes ganhos de eficiência operacional e de arrecadação junto ao SUS e este esforço deve ser apoiado decisivamente. Ao mesmo tempo, dentro da política mais geral de descentralização de recursos, deveremos prestigiar a ação da CAAAAS, dirigida pelo diretor da FCM. Em especial, o Fundo de Complementação SalTimes (FUCS) deve ser consolidado como iniciativa pioneira e que contribui efetivamente para os altos níveis de arrecadação junto ao SUS, mesmo quando comparamos os hospitais da UNICAMP a outros de maior porte no Estado, além de ser importante na fixação de docentes qualificados na FCM.

Paralelamente, deve a reitoria apoiar decisivamente a implantação do sistema de cobrança de atendimentos realizados a pacientes associados a planos de saúde privados. Não faz sentido que um hospital público transfira indiretamente recursos públicos a estes planos através da realização de procedimentos sem a correspondente cobrança. Esta ação gerará uma receita adicional aos hospitais, a qual permitirá a melhor manutenção da infraestrutura para o atendimento dos pacientes mais necessitados.

Finalmente, deve ser apoiado o esforço de qualificação acadêmica da FCM, o qual é primordial para o desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da transferência, difusão e aplicação dos conhecimentos ali gerados.

Informática para a UNICAMP do Século XXI

Um item essencial para tornar a administração da UNICAMP mais ágil é a incorporação intensiva de recursos de informática. Por sua importância e pela potencialidade que os recursos humanos e materiais de que dispomos oferece, nos detemos mais detalhadamente neste tema.

A Unicamp é sem dúvida uma das universidades mais informatizadas do País. No entanto, dada a velocidade vertiginosa com que avança a tecnologia e dada a estrutura de gestão de informática atualmente existente na Unicamp, há muito a fazer e muito a melhorar. Isto é particularmente verdadeiro para o ensino e para a administração da universidade, já que em geral a pesquisa que depende de recursos computacionais tem se beneficiado da concessão de verbas específicas por parte das agências de fomento. É necessário investir mais em equipamentos, treinamento de pessoal e ampliação dos serviços existentes para que todos os docentes, funcionários e alunos tenham acesso fácil aos recursos modernos oferecidos pelas redes de comunicação e, em particular, pela Internet.

Facilitando o trabalho de todos

Muitas tarefas realizadas pelos docentes, funcionários e alunos poderiam ser racionalizadas com o uso da Internet. O acesso poderia ser protegido por senhas individuais, de maneira análoga ao acesso às contas bancárias, cada vez mais amplo. Por exemplo, os docentes poderiam obter via rede todas as informações administrativas necessárias para ministrar os seus cursos e preencher da mesma forma os boletins de notas e freqüências, eliminando ao mesmo tempo a circulação de papel e erros de transcrição. Algumas unidades da UNICAMP já estão usando a Internet como ferramenta de ensino ou de disponibilização de material didático. Estas experiências deveriam ser ampliadas a toda a universidade com a criação de um serviço especializado de apoio aos docentes.

A tramitação de vários processos administrativos da UNICAMP pode ser simplificada com o uso da Internet. O uso de assinatura eletrônica permite que a troca de informações entre unidades seja agilizada, diminuindo o tráfego de papel e o tempo para conclusão de processos. Analogamente, ofícios, solicitações de serviços e informações, bem como outras requisições podem ser realizadas via rede, sem necessidade de envio físico de papel. Uma grande gama de informações já está disponível na Internet, como por exemplo o Diário Oficial do Estado, informações das agências de fomento como FAPESP, CNPq, CAPES, etc. Entretanto, a sua utilização por funcionários ainda é pequena. É claro que a implantação destas facilidades exigirá um treinamento em larga escala, aumentando a qualificação profissional dos funcionários da UNICAMP.

Os estudantes poderiam beneficiar-se de várias maneiras com uma maior disponibilidade de acesso e serviços via rede. As matrículas poderiam ser efetuadas on-line, sem a necessidade de preenchimento de formulários em papel. Da mesma forma, a consulta a históricos escolares poderia ser realizada sob o controle de senhas individuais. A sua eventual impressão com autenticação eletrônica poderia ser feita em qualquer impressora disponível. Existem vários outros serviços que deveriam ser implantados ou ampliados. Um deles é sem dúvida o acesso às bibliotecas da UNICAMP, incluindo consulta aos catálogos, reservas de livros, solicitações de cópias de artigos, etc.

Cabe então perguntar: por que a informatização da Unicamp anda a passos tão lentos, e às vezes enveredando por caminhos tão tortuosos? A tecnologia e os recursos humanos certamente não são problema: para implantar as idéias sugeridas acima a Unicamp já dispõe de toda a infra-estrutura e técnicos com conhecimento apropriado necessários. A resposta, a meu ver, está na estrutura de gerenciamento de informática da Unicamp.

Uma nova estrutura de informática

Durante muitos anos a UNICAMP não possuíu um órgão para debater e traçar a sua política de informática. Na prática, ela ficava a cargo da direção do Centro de Computação (CCUEC), criado no início dos anos 1970. A revolução trazida pela descentralização dos recursos de informática não foi acompanhada pela estrutura do CCUEC. O Centro continua funcionando como um órgão centralizador de serviços que, muitas vezes, deveriam ser deslocados para unidades acadêmicas ou administrativas. Enquanto o número de funcionários é da ordem de 170, muitas unidades com parque computacional expressivo enfrentam dificuldades enormes por terem apenas um ou dois analistas.

A partir do início da década de 1990, foi criada uma nova estrutura para gerir a informática na UNICAMP e supervisionar o funcionamento do CCUEC. Esta estrutura passou por algumas modificações, e a partir de 1994 ela é composta de uma Coordenadoria Geral de Informática (CGI), dirigida por um Coordenador, assessorada pela Comissão Diretora de Informática (CDI). A composição da CDI, nomeada pelo Reitor, é bastante heterogênea, com alguns membros oriundos de unidades ou áreas com grande interesse em informática, funcionários do CCUEC e outros. Desta maneira, a CDI não tem nem caráter político e nem caráter técnico. O poder decisório da CDI é muito reduzido e ela funciona basicamente como uma "caixa de ressonância" para a CGI. Na prática, a política de informática é traçada e realizada pela CGI em colaboração com a direção do CCUEC.

A estrutura de informática deve ser modificada para que a CDI possa cumprir a finalidade refletida pelo próprio nome, ou seja, discutir e formular políticas de informática de longo prazo para a UNICAMP e, uma vez aprovadas, zelar pela sua execução. Para tal, a CDI terá uma composição mais homogênea e condizente com a sua finalidade. Por um lado, deverá ser uma comissão relativamente pequena, de seis a oito membros, mas com peso político e respaldo das unidades. Candidatos naturais a membros da comissão são dirigentes de algumas unidades acadêmicas e administrativas e pró-reitores, sob a presidência do Coordenador Geral de Informática. Conforme as suas necessidades, a CDI criará comissões de assessoria técnica compostas por especialistas por ela indicados, oriundos de vários órgãos da universidade. Acredito que com esta composição, as decisões da CDI terão muito mais apoio nas unidades do que atualmente. Adicionalmente, a missão do CCUEC deve ser muito mais focalizada do que o é hoje, principalmente em função da atual tendência de descentralização dos serviços de informática.

Uma informatização mais sistemática e racional não apenas trará maior eficiência para a organização da UNICAMP, mas também tem o potencial de integrar a comunidade UNICAMPense de forma muito mais intensa, permitindo assim a superação de algumas barreiras atualmente existentes.

Democracia e participação

Sendo o lugar do saber e da inteligência, é pressuposto básico que a universidade viva num ambiente de liberdade de idéias e de respeito e civilidade na disputa entre projetos discordantes. Valores acadêmicos significam o respeito, e mais do que isto, o estímulo à diversidade essencial para a produção do conhecimento. Em toda minha vida na UNICAMP, e antes como militante no movimento estudantil, sempre prezei a democracia como um valor universal. Desde minha posição como membro da Comissão Provisória da Associação dos Pós-Graduandos em 1981, como Vice-Presidente da Adunicamp (1983-85), em várias posições representativas dos docentes, e depois como Diretor do Instituto de Física e Pró-Reitor, sempre privilegiei a discussão ampla e objetiva de todos os temas em debate. Mesmo que eu sempre defenda intensamente os pontos de vista que considero corretos (o que espero que os demais também façam pelos seus), o respeito à convivência democrática é essencial na vida acadêmica e na geração das idéias que vão construir o nosso futuro. Minha atuação na UNICAMP demonstra este compromisso.

Mais do que uma das melhores universidades brasileiras, uma excelente universidade

A Unicamp do Século XXI será construída com valores acadêmicos e com a participação e o envolvimento de toda a comunidade. Este é o caminho para demonstrar que ensino superior público é de excelência e que serviço público pode ser algo de que nos orgulhemos e que recompense generosamente o investimento feito pelo contribuinte.

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