[ Próxima Seção | Seção Anterior | Volta à Página Índice ] Programa de Gestão: Seção 4Educação a transferência do conhecimento
"O processo de educação, pelo qual intelecto, em vez de ser formado ou sacrificado a Mais vagas na graduaçãoA UNICAMP precisa realizar um esforço para ampliar as vagas em seus cursos de graduação. Tendo demonstrado excelente crescimento na qualificação de seus docentes, na produção científica, na pós-graduação e nas atividades de extensão cultural, tecnológica e assistencial, temos ainda uma dívida importante com o crescimento de nossos cursos de graduação. Mesmo com o esforço intenso dos últimos 12 anos, quando 16 novos cursos noturnos foram criados, e o número de vagas oferecidas no vestibular cresceu de 1.470 em 1986 para 2.245 em 1998, ainda temos uma relação aluno/docente de 5,4 alunos de graduação por professor, que é baixa mesmo em termos de universidades brasileiras (Tabela II).
Em segundo lugar, precisamos realizar investimentos na construção de boas salas de aula nos últimos 8 anos apenas em 1997 iniciou-se a construção de um complexo de classes para o básico. Em terceiro lugar, deveríamos utilizar muito mais os estudantes de pós-graduação como auxiliares de ensino, como se faz nas boas universidades internacionais. Finalmente é essencial escolher as carreiras onde desejamos que ocorra este aumento de vagas, privilegiando aquelas onde haja maior demanda e nas quais, ao mesmo tempo, a expansão se demonstre possível dentro das restrições físicas e orçamentárias. Educação completa e multidisciplinarA qualidade da educação que proporcionamos a nossos estudantes de graduação também pode ser substancialmente melhorada. Dizer isto não é dizer que não temos educado bem, mas é reconhecer que os tempos mudam e que precisamos sempre adequar o ensino que damos à contínua evolução das ciências, da tecnologia e da cultura. Aprender a aprender é o requisito básico do profissional de hoje, do qual cada vez mais se requer características de um pesquisador ("aprendedor"). Só uma universidade forte em pesquisa pode formar lideranças intelectuais, através da integração do estudante na atividade de gerar conhecimento. Valorização da atividade docenteEnsino de boa qualidade está diretamente relacionado com a valorização da atividade docente. Isto é mais fácil de falar do que de fazer, como pode ser visto ao longo dos últimos 20 anos da UNICAMP. A valorização da atividade docente exige a determinação de indicadores, sejam estes quantitativos ou qualitativos, que descrevam da maneira mais aproximada possível o desempenho do docente em aula. Não temos sido capazes de construir um conjunto de bons indicadores, e a isto atribuo boa parte do insucesso das tentativas de valorização da atividade docente no passado. Alguns indicadores parciais têm sido incorporados, como na recente revisão do formulário dos Relatórios Trienais, originada na Comissão Central de Graduação. Nesta reformulação, destacou-se no formulário o conjunto das atividades docentes, incluindo-se espaços para a documentação relativa à produção de notas de aula, capítulos de livros, materiais didáticos vários, organização de disciplinas, etc... Destacou-se ali também, a obrigatoriedade de uma avaliação criteriosa do desempenho docente realizada pela Comissão de Graduação, a qual deve utilizar os resultados dos questionários de avaliação preenchidos pelos alunos ao final do semestre. Creio que esta avaliação pela Comissão de Graduação é um elemento essencial do processo, devendo ser aprofundada com intensidade. Por outro lado, no tão decantado questionário de avaliação docente cometemos erros que prejudicam sensivelmente a qualidade dos resultados. Internet para todosO uso de novos métodos de ensino precisa ser incentivado. A UNICAMP já é suficientemente desenvolvida em termos de rede de computadores, para justificar a existência de um serviço de apoio ao docente para a incorporação de técnicas eletrônicas de ensino a suas disciplinas. Por outro lado, é inconcebível (mas infelizmente acontece) que em 1998 TODOS os alunos da UNICAMP não tenham uma conta com acesso a correio-eletrônico e à navegação pelo World Wide Web (WWW). As oportunidades de aprendizado existentes no Web já são praticamente infinitas, e precisamos que nossos alunos tenham acesso a tudo isto, além de facilitarmos a comunicação com os professores e com os próprios colegas, através de listas de discussão, criação de sites, etc... Mais do que um instrumento de pesquisa, nossa rede de computadores precisa tornar-se um instrumento de ensino e aprendizado (além de vir a apoiar também a administração ver Uma nova estrutura de informática). Leitura, redação e culturaNa sociedade moderna, onde a capacidade de aprender é um requisito essencial ao profissional e ao cidadão, deveríamos desenvolver melhor as capacidades de leitura e redação de nossos estudantes. Mesmo a redação técnica, tão importante na vida do profissional em todas as áreas do conhecimento, não é desenvolvida formalmente nos cursos da UNICAMP. Com redigir um memorando técnico, um projeto de pesquisa, um relatório, são atividades importantíssimas na vida profissional, para as quais a UNICAMP fecha os olhos, esperando que eles aprendam sozinhos, por tentativa e erro. Para além da leitura e redação, a UNICAMP deveria preocupar-se com a amplitude do horizonte de conhecimentos de seus alunos. Em todas as boas universidades internacionais esta preocupação existe, e como resultado, estas têm um núcleo curricular, suficientemente flexível e amplo. As disciplinas deste currículo mínimo garantem que todos os estudantes ali formados, independentemente das carreiras escolhidas, tenham contato com os aspectos básicos da aventura da geração de conhecimento pelo ser humano, tomando contato com os avanços fundamentais das ciências, das humanidades da literatura e das artes. O contato com outras áreas do conhecimento é muito importante, e nos dias de hoje imprescindível, já que o mundo e a realidade são muito mais multidisciplinares do que os compartimentos das carreiras dos cursos universitários. Para o exercício pleno da cidadania, para não falarmos do exercício profissional, precisamos ter habilidades quantitativas, conhecer aspectos da biologia molecular, da ciência ambiental, das escolas de pensamento econômico, da conservação da energia, dos grandes clássicos da literatura universal, conceitos fundamentais da ciência política, da história, da antropologia e das artes, para citar alguns saberes específicos. Além disso (especialmente no Brasil de hoje) seria bom darmos aos jovens estudantes noções de ética e filosofia. Tudo isto existe na UNICAMP, mas nossos estudantes têm pouco acesso vivem compartimentalizados nos limites de suas carreiras e das obrigações curriculares mais específicas. Deve ser uma preocupação da instituição garantir esta abertura. Para isto pretendo abrir uma discussão na universidade sobre a criação de um Núcleo Curricular, que garanta a todos os estudantes da UNICAMP acesso a estes conhecimentos.Atividades extracurriculares e muito (muito mesmo) estudoDevemos destacar a importância das atividades extracurriculares no processo de aprendizado e amadurecimento do estudante. Da participação em projetos de pesquisa ao envolvimento com movimentos sociais e políticos, toda esta experiência contribui para a educação do cidadão e do profissional. Movimentos como o Universidade Solidária, militância política em partidos e no movimento estudantil, grupos de estudo, de teatro, de música, de cinema, e outros devem ser incentivados como parte da educação de lideranças que desejamos proporcionar. A experiência das Empresas Juniores na Unicamp deve ser apoiada e intensificada. Finalmente, mas não menos importante, é preciso criar condições para que os estudantes estudem mais. Aprender é uma parte tão importante da educação quanto ensinar, talvez até mais importante. Aprender depende do esforço individual, do estudo concentrado e permanente. Para isto é preciso que haja infra-estrutura adequada para os cursos diurnos e noturnos, bibliotecas abertas também à noite, equipadas com os livros necessários, acesso a recursos de informática, moradia estudantil bem conservada e com ambientes adequados para estudo. Além disso é preciso que os currículos reservem tempo para estudo em casa, já que, mesmo com as mais modernas tecnologias, estudar continua sendo a única maneira de aprender.Manobra Radical um "College" na UNICAMP?A nova LDB, recentemente aprovada, abre algumas possibilidades interessantes para o ensino superior. A UNICAMP teve sempre a tradição de ser uma universidade aberta a mudanças e geradora de novidades importantes para o ensino superior brasileiro, e deveria retomar este papel. Entre as possibilidades criadas pela nova LDB está a de instituição de um regime seqüencial, análogo àquele usado nos colleges de universidades americanas. Neste regime, três ou quatro primeiros semestres de curso poderiam dar origem a um grau terminal, algo como um minor em ciências, ou humanidades, ou artes. Estes estudantes continuariam em seguida para o curso profissional de sua escolha. Mas com o sistema de college, poderíamos aceitar bem mais estudantes do que hoje, visto que existe uma demanda por educação pós-secundária sem objetivo profissionalizante. Vários dos aceitos completariam seus cursos nestes quatro semestres, e uma fração continuaria para o profissional. A introdução desta modalidade traria uma oportunidade de educação pós-secundária gratuita e de qualidade para milhares de pessoas que desejam se educar melhor para ter mais oportunidades no mercado de trabalho. Reconheço que é uma idéia muito diferente do que estamos acostumados, mas estar na fronteira é isto, é debater idéias novas para construir um futuro melhor. Pretendo instituir um grupo de estudo para analisar esta idéia, a partir de uma ampla discussão em toda a Universidade. Pós-graduaçãoA pós-graduação na UNICAMP tem evoluído de maneira intensa nos últimos anos, e é um dos pontos fortes da instituição. Mesmo assim há aspectos nos quais podemos melhorar a educação de nossos pós-graduandos. Um deles é criar a oportunidade para que os pós-graduandos ganhem experiência didática. Sabemos que um grande número dos pós-graduandos dirige-se a empregos em universidades, como professores, e é paradoxal que em sua formação a UNICAMP nunca tenha oferecido esta oportunidade em grande escala. A atuação em ensino é uma prática comum nas grandes universidades internacionais, através do sistema de Teaching Assistants (TA¥s), e desta forma se enriquece bastante a formação dos pós-graduandos. Para estabelecermos um sistema análogo na UNICAMP é preciso principalmente organizar um serviço de apoio pedagógico aos estudantes envolvidos, que ofereça treinamento e acompanhamento. Uma providência importante da Reitoria diz respeito aos recursos extra-orçamentários para a pós-graduação. Sua aplicação, sobretudo dos recursos da CAPES, vem sendo dificultada por uma prática antiga que pretendo mudar. Proponho que a Pró-reitoria, que é a responsável formal pela aplicação destes recursos perante a CAPES, delegue sua execução às unidades de ensino e pesquisa. A manutenção da Pró-reitoria neste processo reflete um resquício de centralização que não faz sentido. Os recursos da pós-graduação são destinado pelas agências de fomento segundo indicadores acadêmicos de cada curso (número de alunos, publicações, fluxo, Ö). Assim, é estranho que os cursos sejam qualificados para merecer estes recursos, mas que não lhes seja reconhecida a responsabilidade e a capacidade de executá-los autonomamente. Assim, o Diretor, como responsável pelos cursos de pós-graduação da unidade, deverá receber delegação da Pró-reitoria e, através de planejamento acordado com a CPG, aplicar estes recursos. A demora nos processos será diminuída e a qualidade da aplicação dos recursos será maior. Finalmente é essencial que a UNICAMP participe ativamente na defesa do sistema brasileiro de pós-graduação, opondo-se aos cortes intempestivos de bolsas, particularmente barrando a entrada de jovens bem qualificados no sistema. Estes cortes põem em perigo a própria sobrevivência da educação para a inovação no Brasil, justamente numa época em que a formação de pessoal em nível de excelência atingiu boas marcas no País além de ser essencial para a competitividade.Ensino Secundário e ColégiosTécnicosA UNICAMP conta com dois excelentes colégios técnicos, que dão muito boa formação e têm suas vagas intensamente disputadas. O desempenho do Colégio Técnico de Campinas (Cotuca) e do Colégio Técnico de Limeira (Cotil) poderia ser ainda melhor se os integrássemos mais à universidade, além de criar as condições para que os assuntos relativos aos colégios fossem tratados por uma instância acadêmica, ao invés de puramente administrativa. Para isto pretendo criar uma Câmara de Ensino de Segundo Grau e Técnico. No caso do Cotuca deveremos discutir sua mudança para o campus, de tal modo que a interação com as demais atividades da universidade beneficie a formação dos estudantes e o contínuo aprimoramento dos professores. [ Próxima Seção | Seção Anterior | Volta ao início da página | Volta à Página Índice ]
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